AREIAS CIDADÃS
Numa praia escondida no meio de uma amplidão infinita, as areias chegaram à conclusão de precisarem de governo.
Elegeram suas iguais para o Executivo, para o Legislativo e "até" para o Judiciário.
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Passado um tempo percebeu-se que havia muito tributo e não havia retorno em bens e serviços. Talvez houvesse corrupção...
Constituiu-se uma auditoria arenal a fim de levar a efeito as necessárias fiscalizações e pareceres.
Decorrido certo tempo, a Auditoria Arenal apresentou seu parecer:
- Aquilo é uma Corrupção só, um intrincado ARENITO.
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As areias , indignadas, promoveram um "impeachment" do executivo e fechamento do Congresso e das Câmaras, só não tocando no Judiciário.
Nova eleição.
Passou um certo tempo e se viu que a situação era a mesma: muito tributo e pouco retorno.
Nova auditoria. O mesmo parecer: Aquilo é um Arenito de Corrupção.
Moral (imoral?) da Estória: se as areias constituírem mandatários, este serão areia, sempre areia.
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Quem, em nome da liberdade, renuncia a ser aquilo que devia ser, já se matou em vida: é um suicida de pé. A sua existência consistirá numa perpétua fuga da única realidade que era possível.
José Ortega y Gasset.
A capacidade do homem para a justiça faz a democracia possível, mas a inclinação do homem para a injustiça faz a democracia necessária.
Reinhold Niebuhr, 1943-1971