DESINTOXICANDO

A terra estava com sede e a mãe Natureza veio dar-lhe água. Acho que o solo estava realmente sedento... há dias não para de chover!
Não tenho cavalgado, nem visto as estrelas, o sol e a lua andam deixando saudades por aqui.
Não tenho noção das horas, mas faz tempo que a noite chegou. O inverno é diferente por estas paragens... Talvez por estar mais atenta aos ciclos da natureza, ou talvez por ver minha própria natureza sendo metamorfoseada em ciclos... Os acordes próximos do bandolim, flauta doce e violão me lembram que nada tira a alegria desse povo, também não tenho motivo para estar triste mas hoje sinto-me mais reflexiva...
Quanto mais o tempo passa, mais vou criando raízes e mais se aproxima a hora de jalar
(ir embora) e isso não me anima...
Voltar e enfrentar o que deixei no passado é caminhar na mesma estrada e ver tudo de um angulo diferente! Os meus olhos são os mesmos, mas a minha visão não!... Meus valores agora são outros!...
Tenho tido todo o tempo para me conhecer melhor e tenho aflorado como indivíduo da grande massa social que antes me sentia inclusa e hoje me envergonho!...   
Tristes linhas estas minhas!...
Corri contra o relógio na ansiedade de TER enquanto esquecia-me de SER... Tola!... Perdi o que possuía e descobri que não era nada!... Precisei perder o que era importante para dar valor ao que realmente importa: Minha bagagem é o que sou!
Olho ao meu redor e constato que a felicidade custa muito pouco.
Talvez o meu legado seja ensinar o que tenho aprendido aqui...
As coisas essenciais nos são dadas gratuitamente, porém por mérito!
A Natureza, silenciosamente ensina, mas os ouvidos da alma tem que estar afinados, antenados, em harmonia com os milagres invisíveis da matéria.
Agora, assento a caneta sobre o papel, não quero mais escrever!
Quero dançar, sorrir, rir... Gargalhar!
Exorcizar a que restou de mim antes de ser simplesmente FELIZ!
       
Mundo, inverno de uma estação de baldeação.