Olhos castanhos
Era apenas um par de olhos, nada mais.
Olhos imensos, brilhantes, cheios de vida que, se chorassem (que isso não aconteça nunca!), suas lágrimas seriam nomeadas “esperança”. Os sentimentos que se ocultavam por trás daquelas íris abençoadas eram variados, no entanto. Ouso dizer que lá no profundo deles existia uma tristeza indefinida e bela. As ondas de inspiração e o desejo que emanavam daquela fonte tão simples e tão misteriosa eram tão intensas que era difícil desviar o olhar. Sua cor era de um castanho-sonhador impressionantemente expressivo (melhor que o azul-piedoso ou o verde-traíra). Por um instante, consegui esquecer a tudo e a todos somente para contemplar aquelas verdadeiras preciosidades com a mente esvaziada, em paz.
Lembrar daqueles olhos me provoca tamanho prazer, tamanha serenidade! Nunca hei de esquecê-los. Sua intensidade não era feliz nem triste: era humana. E por ser tão humana, vi e vivenciei a perfeição num olhar.
O mundo não sabe que existe um par de olhos vagando pela terra e que são capazes de despertar sensações que não se sabia que existia.
Ah, aqueles olhos.
Como eu gostaria de vê-los novamente.