Gole de água

Arcado pelo peso da mochila ele caminha numa submissa lentidão ao longo da estrada do serrado. Ele sai em busca do bem mais precioso, que fortuna nenhuma faz brotar num lugar tão castigado pelo sol. Faz um bom tempo que a estiagem tomou conta daquele lugar. Olha para o céu, nem sinal de chuva. Pensa _ até quando meu Deus vou agüentar essa secura latente. Mas ele não desiste, procura uma brisa nas ramagens que ainda restam. E caminha enroscando os pés nos cipós secos e desviando de olheiro de formiga que faminta brigam por uma migalha de alimento.

Se não fosse a aridez que sai da abertura dessa caverna humana, suportaria caminhar por mais algumas horas. O suor pinga como Lágrimas de um corpo sedento e cansado.

Sem se dar conta ele se depara com um casebre bem no meio daquele agreste. Será uma miragem! E grita por alguém, que logo aparece na soleira da velha porta de madeira.

O velho abre um enorme sorriso e lhe oferece a poção salvadora, ofegante com a s mãos tremulas ele eleva a moringa até o alto e despenca como uma cachoeira que rompe as pedras e aquele riacho seco ganha uma nova vida.

O gole de água cai em sua língua lavando a tudo por dentro e a mata a sede e renova a vida do sertanejo.

Angeluar
Enviado por Angeluar em 29/08/2012
Reeditado em 29/08/2012
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