Azar no jogo...
“Droga! Perdi de novo!” Não se conformava. Perdera quase todos os bens no pôquer. Sua esposa, em vez de censurá-lo, acalmava-o: “Azar no jogo, sorte no amor!” Da herança do avô, pouco restara. “Ainda viro este jogo!” Não desistia. Ele tinha de vencer, ia vencer, era óbvio! Matematicamente falando, a probabilidade de continuar perdendo era cada vez mais remota. Não agüentava mais! “Azar no jogo, sorte no amor, bah!” Foi quando teve a idéia. Segurando uma faca, esperou a esposa. “Boa noite, querida... e adeus!” Permitiu-se um sorriso. “Azar no amor...” E sua risada histérica ecoou pela noite.
Microconto publicado em "Expresso 600", Andross Editora, 2006