SÃO FRANCISCO E O SABIÁ

E lá estava ele em discreto mimetismo com as folhas secas , o que acobertava o seu peito alaranjado entre os resquícios do verde enferrujado.

Parecia assustado com o barulho das betoneiras que ressoavam pela mata atlântica.

Eu apenas caminhava naquelas mesmas trilhas do parque, prestando atenção aos sons relaxantes da mata, justamente tentando me livrar do incômodo das grandes cidades.

Mas a adversidade também ali chegara!

De repente, ao leve movimentar duma folha, percebi que o passarinho me fitava, a se solidarizar com os meus medos.

Entreolhamo-nos espantados, ambos com vontade de nos aconchegar.

Mas, como é próprio dos pássaros, não acreditei que seria possível, pois assim que nos aproximamos um pouquinho deles,ariscos, logo batem as asas e voam.

Estranhei, pois ele tranqüilamente aceitou a minha aproximação.

Já bem próximo, fiz postura de estátua e lhe estendi as mãos espalmadas, oferecendo-lhe um sorriso.

Rapidamente pousou sobre uma delas, piou seu canto assustado, agradeceu, e foi-se embora.

Para sempre...

SP/Parque Burle Marx, 03/02/2007, sob o espantoso e desordenado bum!, da construção civil.