O ARTESÃO

Ele trabalha sua arte como se nela trabalhasse a expressão de cada talho da sua vida dura, rústico mas delicado homem também ouvidor e expectador das dores do mundo.

Com a barba por fazer vinha com o coração acelerado, com fundamentado medo da cidade grande, sua terra natal de sempre. Mascava chicletes com odor de menta e trazia no braço uma tatuagem dum sol.

Queria saber a todo custo o que hoje lhe causa tanto espanto, algo incompreensível no concreto, mas não pela abstração da sua arte.

Então, como quem se comunica com a própria essência oculta de si mesma, me abriu um álbum de fotografias das suas inanimadas flores talhadas na madeira.

Ali pude sentir o perfume do seu lírio do campo.