Essa tal Felicidade...
Não havia outras escolhas. A felicidade sequer adentrara naquele recinto. Ficou de fora, ela a felicidade, olhos esbugalhados observando e se deliciando com a desgraça alheia.
Era viver com dor ou viver sem dor. Em dias de dor, o cansaço era tanto que a carne se prostrava ajoelhada diante de qualquer deus, qualquer restia de luz era devorada como se migalha não fosse. Mas, se, sem dor engatinhava em cascas de ovos com medo de sua carrasca ressuscitar. Num pacto ingênuo, entregou-se à vida, buscando a cura, buscando da dor, a fuga. Olhando pela janela a felicidade cada dia mais debochada, tão sonhada, tão inocente ainda não vislumbrou outra saída...
Veio a sabia morte em dia de lágrimas, em dia de pústulas, em dia de delírios, em dia de desespero cortou-lhe os pulsos, abriu ao avesso, a vida. Numa última gota de sangue, sentiu-se leve, despregou da materia os pés...
Enfim, à margem da carne, a dor foi embora. Mãe morte seu leito preparou, seus cabelos afagou, sua alma, acolheu... Finalmente, abdicou da felicidade, pela paz, sem dor...