UMA VIDA
UMA VIDA
Lentamente acordou. Suspiro longo de quem já viveu o bastante. Olha para o lado. A companheira de tantos anos já não está mais. Só está à espera para junto dela ir ficar.
Levantou-se. Abriu a janela da velha casa de madeira, que dá para o quintal e se vê o velho banquinho onde se sentava com sua “velha”, para falar de um tempo, longo tempo, que passou.
De repente vem à memória. Onde estão os filhos, netos, bisnetos? Cada um cuidando da sua vida. Não se houve mais aquela algazarra de crianças correndo pela casa, com os filhos atrás, desesperados.
Está triste? Não. Conformado. Por saber que a vida é assim. Enquanto uns nascem, outros estão de partida. Como ele.
De repente a porta se abre e entra aquele batalhão de gente. Eram os filhos, netos, bisnetos que vieram lhe dar os parabéns pelo aniversário.
- Parabéns, vovô! – diziam as crianças.
“A partida pode esperar.” – pensou ele.
E ganhou nova vida.