O AMOR E A CAIXA DE BOMBOM

Sentia amor. E não sentia mais nada.

Não era o prazer momentâneo, pois esse não sentia mais. Há muito tempo...

Não era o sentimento do dever cumprido. Achava isso até ridículo.

Não era olhar para trás e ver que tudo deu certo. Isso era retrógado demais.

Não era confiar no futuro. Isso era estupidez.

Apenas sentia amor. E mais nada.

Olhava-a e nem havia mais desejo. Se fora há anos...

Olhava-a e sentia carinho. Sem tocar. Apesar de ela estar ali ao seu lado.

O amor agora era vazio.

Caixa de bombom sem o próprio. O bombom tinha sabor.

A caixa registrava a lembrança.

Não se pode comer bombom todo momento, a vida inteira.

Não se consegue esquecer o bombom que comeu.

Pode-se carregar a lembrança durante toda a vida.