Lixo humano
Acordou no banco duro.
A mesma roupa suja. E sozinha.
Não havia a porta do banheiro para ela se lavar nem havia a porta da cozinha para ela comer.
Teve homens, teve amigos, teve família. E filhos.
Não sabe de mais ninguém.
Urina na praça. Todos passam longe.
Fede.
Não saberia mais voltar.
Nem sabe como chegou.
Não quer se suicidar.
Não está classificada como louca para poder ser internada.
Não está classificada como doente para poder ser tratada.
Não está classificada como possuída para poder ser exorcizada.
Não está classificada como pedinte para poder ser agradada.
Não está na fila de espera de nada.
Na verdade nem pertence mais à sociedade nem à nossa raça.
Nunca leu Kafka.
Mas sabe do que se trata.