NA IDADE DOS "ENTAS"
Shopping, cinco da tarde. Resolvi bater pernas. Uma livraria, um título a esmo; uma loja de sapatos sem nada comprar.
Parei numa delicatessen. Que atendente, meu Deus!
Os olhos: O mar em molduras. Fáceis: Angelina Jolie.
Não falava, entoava hinos de sedução. Seu corpo, apesar do uniforme, era o desenho de um artista ousado.
Brancarana.
O colo...
Ah! O colo!
Pomos atrevidos. Pêras anatômicas. Minha boca sua fôrma.
Os quadris, que remelexo. Um terno sambar.
Servia de referência, no umbigo, um piersing, apontando pêlos dourados, indicadores do caminho.
Minha alma promíscua suspirando, e a descrição passando em slide.
Pernas ...
Ah, toras macias com penugens transformadas em ouro pela alquimia bronzeadora. As duas convergentes, guardando por detrás de uma singela mata desbastada, a caixa de pandora. O cálice da salvação.
Ali, absorto, escolhia, já na idade ‘entas’...
Seus favos intumescidos. O maná da vida.
– Senhor! Senhor, já escolheu?
Deseja fazer o pedido agora?...
Zé Salvador.