Expectador da Vida
Achava-se o máximo em tudo.
Não se imaginava na platéia - lugar dos comuns.
Precisava do palco, das luzes, dos aplausos.
Fazia-se de difícil para qualquer aproximação - se bastava.
Astro intocável, centro das atenções.
Passava horas e horas conferindo as somas bancárias.
De tão importante que se sentia não percebeu a falência gradativa de sua "competência".
Primeiro perdeu a família, depois os amigos.
Parou décadas no tempo, profissionalmente lhe bastou o único diploma.
Achava a maior bobagem a reciclagem profissional.
A superioridade e o narcisismo impediu que enxergasse a exclusão gradativa do mercado de trabalho.
Perdeu emprego, convênio médico, cartões de crédito.
Cairam as rotas cortinas do palco, cobriram a esperança.
As "reservas de superioridade" em nada lhe socorreram.
No abrigo onde vive depende dos semelhantes - dos mesmos que pisou para suprir as necessidades básicas como higiene e alimentação.
Com o fio de voz que lhe resta quase que acenando para a reta final, insiste em relatar o passado de glórias que jamais existiu.
Mero expectador do existir, nada mais.
(Ana Stoppa)
Achava-se o máximo em tudo.
Não se imaginava na platéia - lugar dos comuns.
Precisava do palco, das luzes, dos aplausos.
Fazia-se de difícil para qualquer aproximação - se bastava.
Astro intocável, centro das atenções.
Passava horas e horas conferindo as somas bancárias.
De tão importante que se sentia não percebeu a falência gradativa de sua "competência".
Primeiro perdeu a família, depois os amigos.
Parou décadas no tempo, profissionalmente lhe bastou o único diploma.
Achava a maior bobagem a reciclagem profissional.
A superioridade e o narcisismo impediu que enxergasse a exclusão gradativa do mercado de trabalho.
Perdeu emprego, convênio médico, cartões de crédito.
Cairam as rotas cortinas do palco, cobriram a esperança.
As "reservas de superioridade" em nada lhe socorreram.
No abrigo onde vive depende dos semelhantes - dos mesmos que pisou para suprir as necessidades básicas como higiene e alimentação.
Com o fio de voz que lhe resta quase que acenando para a reta final, insiste em relatar o passado de glórias que jamais existiu.
Mero expectador do existir, nada mais.
(Ana Stoppa)