A intimação

Não sei quanto tempo durou o suplício. Alguns segundos, alguns minutos. Só o que eu sei é que o condenado foi executado. Não sei se sofreu ou não. Deve ter sofrido, porque a execução é como uma estréia de teatro. O ator sofre enquanto a peça não começa. Depois que o pano sobe, ele esquece que existe e incorpora o personagem. Mas, na execução quem foi o ator, quem foi o público? Quando o corpo se projetou no espaço, suspenso pela forca inglesa que, cientificamente, quebrou suas vértebras cervicais, na verdade, o pano estava caindo. O pano escuro da morte. Deu para escutar os aplausos? Não, não deu. E, afirmo, que se for intimado novamente para testemunhar um espetáculo macabro como esse, recusarei. Queridos, eu prefiro ser mesário nas próximas eleições.