Nota: Este texto não é de minha autoria, foi um presente do amigo e colega recantista Marcos Pestana, que escreveu ao ler meu comentário em sua página.
Mexerica enredeira
Na roça onde fui criada não havia “mixirica” ponkan, demorou foi muito pra eu conhecer esta variedade. Lá tinha muita é de umas “mixiricas” cheirosas que o vô Joãozinho chamava de enredeira, pois quem descascava ficava com a roupa toda cheirando e não havia como esconder. Vovô já esta lá com Papai do céu.
As vezes me deparo com uma dessas, não tem como conter as lagrimas e lembrar-se daqueles tempos em que sentávamos todos juntos na varanda nos domingos de inverno, uma tina de “mixirica” era pouco, jogavam conversa fora enquanto deliciávamos as cheirosinha e suculentas frutinhas. Vovô dizia que fofoca e fuxico eram sinônimos de “mixirico” por causa disso, todos ali comendo “mixirica” e falando das novidades da cidade, mixiricando! Vovô contava que adorava o cheiro desta fruta e engrossa a voz para contar que “mixirica” é uma palavra indígena e quer dizer aquele que vai longe, referindo-se ao cheiro da fruta, exalado pela casca comprimida quando ofendida ou pelo ato do descascar.
Ao fim ele completava dizendo: “A História comprova que, em todos os tempos o poder que um boato tem em se espalhar”. E o que é interessante no caso da mixirica o cheiro permanece nas mãos daquele que a manuseou. No do boato é quase que impossível localizar a fonte inicial, todos os portadores do boato se apresentam como simples veículos da informação sem necessidade de comprovação.
Então cada vez que eu antes de ver, sinto o cheiro da mexerica, é bom porque lembra meu passado ao lado do vovô, lembra a união de amigos e da família pra por conversa pra fora, dar risada! Parece que as boas risadas ficam muito melhor com o cheiro de mexerica e parece que seu cheiro me faz lembrar boas risadas, união perfeita da felicidade... ! (Marcos Pestana)
Muito Obrigada por permitir a publicação, seu texto é uma homenagem ao vovô Joãozinho.