Banho de Espuma
Nada o contentava.
Sentia uma necessidade enorme de ostentar.
Com o dinheiro amealhado às custas de um trabalho que o impedia de desfrutar as coisas singelas da vida pode enfim construiu uma banheira faraônica.
Adornou-a com ouro e prata.
Tanto brilho acabou por cegar-lhe os olhos.
Não percebeu o longo distanciamento das margens da simplicidade.
Engoliu sem medidas as águas turvas do poder.
Afogou-se na mais absoluta solidão.
(Ana Stoppa)