UM ABRAÇO NO PASSADO
Não havia muito tempo que ela resolvera partir.
Precisava resgatar a vida.Titubeou.
O caminho era longo, e na verdade, temia pelo retorno.
Afinal, nunca sabemos muito bem, a quais caminhos a vontade nos conduzirá,e aonde nos largará!
Mas a saudade a comandava.
Pouca bagagem e lá se foi ela disposta a reclamar pelo que a vida lhe roubara. Há trajetos nos quais nos basta o peso da bagagem interior...
Horas de estrada,e o destino atrasado bateu à porta da hospedaria.
Mas...o passado sobe escadas?
Uma batida na porta.Transe.
Quando acordou, já era tarde.
Constatou: é impossível segurar a vida.
Olhou para si.Retocou o batom.
Arrumou os lençóis e despediu-se das paredes silentes.
Desta vez, não titubeou.
Apressadamente trancou a porta, disposta a retornar.
Mas,não retornou nunca mais!
Perdeu-se... de si mesma.