FIDELIDADE

O cachorro havia esperado a noite toda pelo retorno do dono.

Quando o dia já ia claro, o homem chegou tropeçando nas próprias pernas. Chutou o gato e urinou na porta de casa depois de dez minutos tentando colocar a chave na fechadura.

O cachorro assistia atento à toda aquela cena, abanando o rabo contente e admirado.

A porta se abriu ruidosa enquanto o homem fechava a braguilha da calça social. Um travesseiro acertou-lhe o nariz fazendo-o desequilibrar-se e desabar no chão ao lado da poça que se formara. O cão chegou perto e aninhou-se no travesseiro que caíra. E ali dormiram.

Assim era toda sexta feira.

Durante a semana o homem quase não se aproximava do cachorro, tinha uma cisma com aquele bicho...

O cachorro, como se entendesse, observava de longe. Sempre abanando o rabo. E quando tinha oportunidade, fazia todo tipo de agrado que deixava à todos admirados. Buscava o jornal na porta, deitava quando o dono – e somente ele – mandasse e mordia a barra da calça do seu cunhado....

O homem não conseguia entender o amor que aquele cão tinha por ele. Nem era um bom dono!

O cão, em seus pensamentos, esperava ansioso pela próxima sexta feira.. Mas não conseguia entender a fidelidade que aquele dono tinha com ele...

Alessandra Vasconcelos
Enviado por Alessandra Vasconcelos em 29/11/2006
Reeditado em 23/07/2008
Código do texto: T305171