O pacote (4)
Pela manhã sentia-se cansado como se não houvesse pregado o olho. Levantou-se, fez a barba, tomou banho e vestiu-se para ir ao consultório. E o pacote ainda era um pensamento recorrente que não lhe saia da cabeça. Enquanto calçava os sapatos brancos é que lhe ocorreu esta coisa absurdamente simples: e se fosse um par de sapatos? O pacote tinha tamanho e peso compatíveis; podia muito bem ser isso. Um prosaico par de sapatos enviado por algum representante de laboratório querendo ganhar-lhe a simpatia. Ou mandado por algum cliente. Ou... não, isso não, isso não pode ser, disse para si mesmo.
(continua)