Da janela avistava-se o monte.
Da janela avistava-se o monte, que lá estava desde de imemoriais tempos, impassível, voberto de vegetação selvagem, vendo o mundo passar em volta e sobre ele.
Todos os dias a mulher o observava, quando ao final de suas tarefas, inúteis por repetitivas, dava-se ao luxo de debruçar-se à janela da sala, sentindo o cheiro do café feito para a janta.
Pensava que logo bocas famintas a assediariam, em busca de comida e corpos estariam pedindo roupa limpa. as vozes se elevariam chamado-a a servir.
Mas, aqueles momentos preciosos eram só dela e o monte era seu companheiro.
Passaram-se os anos e o tempo, esse aplainador de fatos, já havia passado. Mas, o monte continuava alí, agora coberto de construções humanas, irreconhecivel, mimetizado em casas, comércios, ruas de asfalto.
De uma outra janela, construída sobre o fantasma da primeira, uma outra mulher observava de passagem a estrada asfaltada que descia do que ela não sabia ser um imemorial monte. Observava, se o ônibus que trazia sua gente já vinha descendo.
Não debruçava á janela por não haver tempo; suas tarfeas, inúteis por repetitivas, haviam esperado por ela longas dez horas, enquanto trabalhava num supermercado. Era preciso preparar a comida que consumiriam sem sentir o gosto e correr para a escola que tardiamente completava.
Pensava que logo bocas famintas a assediariam, em buca de comida e corpos estariam pedindo roupa limpa. As vozes se elevariam chamando-a a servir.
Os momentos não eram dela e ela, como já se disse, ignorava a existência do monte. Passariam os anos e o tempo, esse aplainador de fatos, passaria.