O PIEDOSO
- Padre, eu vi ela nua, diz o adolescente ajoelhado no confessionário.
- Quem, meu filho? Pergunta o reverendo encostando o ouvido na janelinha gradeada.
- A mãe...
- O quê? A mãe? Meu filho, isso é um pecado gravíssimo. Você viu como, a porta estava aberta, você olhou pelo buraco da fechadura? Insiste o cura.
- Eu estava dentro do quarto. Na verdade, reverendo, eu estava em cima dela, diz o jovem já com a voz arrastada, com a alma parecendo uma jamanta carregada de remorso.
O padre fica em silêncio, olhando para o teto da casinha confessional por instantes, parecendo querer ajustar o foco de luz para as imagens que estavam sendo produzidas pelo indigente do pecado.
- Meu filho, você foi além, quero dizer, você fez alguma exploração, alguma análise de profundidade, você está me entendendo filho?
- Sim, seu vigário, estou. Diz o rapaz já se imaginando pra lá das profundas do inferno. Eu e ela chegamos ao paraíso, confessa...
O vigário se ajeita na cadeira e eclesiasticamente sentencia sem dó nem piedade:
- Meu filho, cinquenta padre-nossos de manhã, cinquenta ave-marias ao meio-dia e vinte terços na hora do ângelus, enrabichados, um atrás do outro, isso por um mês inteiro. Onde já se viu, arremata o apóstolo da fé, o filho perpetrando caligulamente a própria a mãe, isso é um fim de mundo...
- Seu padre, diz o jovem já com a voz trêmula, tem mais uma coisinha...
O homem de preto se arrepia todo e quase em tom de blasfêmia:
- Com seiscentos lucíferes, menino, o que você mais aprontou?
- Seu padre, ela não é minha mãe, é mãe do sacristão...
O padre desaba seus quase cem quilos na cadeira de emburana crua.
- Você se deitou com a beata Maroca, que tem quase setenta anos de idade? Interroga o padre suspirando fundo. Meu filho, vá pra casa, esqueça a penitência, você não cometeu nenhum pecado, ao contrário, você fez foi uma caridade...
- Padre, eu vi ela nua, diz o adolescente ajoelhado no confessionário.
- Quem, meu filho? Pergunta o reverendo encostando o ouvido na janelinha gradeada.
- A mãe...
- O quê? A mãe? Meu filho, isso é um pecado gravíssimo. Você viu como, a porta estava aberta, você olhou pelo buraco da fechadura? Insiste o cura.
- Eu estava dentro do quarto. Na verdade, reverendo, eu estava em cima dela, diz o jovem já com a voz arrastada, com a alma parecendo uma jamanta carregada de remorso.
O padre fica em silêncio, olhando para o teto da casinha confessional por instantes, parecendo querer ajustar o foco de luz para as imagens que estavam sendo produzidas pelo indigente do pecado.
- Meu filho, você foi além, quero dizer, você fez alguma exploração, alguma análise de profundidade, você está me entendendo filho?
- Sim, seu vigário, estou. Diz o rapaz já se imaginando pra lá das profundas do inferno. Eu e ela chegamos ao paraíso, confessa...
O vigário se ajeita na cadeira e eclesiasticamente sentencia sem dó nem piedade:
- Meu filho, cinquenta padre-nossos de manhã, cinquenta ave-marias ao meio-dia e vinte terços na hora do ângelus, enrabichados, um atrás do outro, isso por um mês inteiro. Onde já se viu, arremata o apóstolo da fé, o filho perpetrando caligulamente a própria a mãe, isso é um fim de mundo...
- Seu padre, diz o jovem já com a voz trêmula, tem mais uma coisinha...
O homem de preto se arrepia todo e quase em tom de blasfêmia:
- Com seiscentos lucíferes, menino, o que você mais aprontou?
- Seu padre, ela não é minha mãe, é mãe do sacristão...
O padre desaba seus quase cem quilos na cadeira de emburana crua.
- Você se deitou com a beata Maroca, que tem quase setenta anos de idade? Interroga o padre suspirando fundo. Meu filho, vá pra casa, esqueça a penitência, você não cometeu nenhum pecado, ao contrário, você fez foi uma caridade...