NAUFRAGILIZADO
Estou mergulhado no nada. O banzo deshorizontaliza-me. A cada fôlego resfolegado afundo. Ancoro-me na folha de papel, procuro agarrar-me às letras que entram e saem da minha boca, trazidas pelas ondas frêmitas que alagam meu cérebro. Desconcatenado, é o termo. Afogo-me em querer desafogar-me, por não ter sabido me equilibrar - faltou-me bom senso - em um metro e setenta centímetros de carne moldada em formas redondas, acobertada por uma pele morna, odor tropical, adornada de cabelos e pelos negros, sedosos e duas águas-vivas verdes-celestiais. Vegeto, bóio, ao cá, ao lá, ao além, à vontade das ondas tsunâmicas que me jogam contra os rochedos da desesperança...