A espera de um novo amanhã.
Cai a noite, tudo volta ao normal. Janelas, entre abertas, deixam sopros da brisa passar. Aqui fora, um calor incomum se apossa d´alma e a faz suar. O som surdo, quase mudo, ecoa no ar e faz a mariposa perder o rumo em direção à luz, em busca da liberdade.
Tênue neblina, a sessar pelas frestas do céu, molha o chão. Os paralepípedos brilham, formam a ordem unida e confundem a direção.
Não me intimido pela promessa do castigo, inflijo. É chegada a hora de viver a miséria que me colocaram à mão.
É preciso escapar do sofrimento, e a alma isolar. Não! A República de Platão.
Fingir ser só, para escapar das garras da Justiça social, pois a nova era prometida foi mutilada pelos anarcas do poder.
Maus presságios frustram a vontade. Instintos em extinção.
No peito aflora o pânico e a crueldade se torna ampla.
À custa de alguns, outros detem a satisfação. A casta dominante é desencorajada a estender a mão.
A vida foi tolhida; a vontade reprimida; a intuição mutilada.
Novo amanhã que não chega.