MINICONTOS VAMPIRESCOS

SEDENTOS DE SANGUE

Espalhados pelo piso lustrado, aqueles corpos pareciam mortos, embora um ou outro ainda estrebuchasse um restinho de êxtase.

Passando o efeito da droga, aos poucos os corpos recobravam sentido; seus membros inertes, os movimentos. Levantavam. Famintos!

Enquanto isso, o homem dormia tranqüilo. O corpo inteiramente descoberto.

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DENTES POSTIÇOS

A protética achou estranho, mas não contestou o pedido daquele senhor que queria uma dentadura com caninos reforçados e pontiagudos.

– Cada um com a sua loucura.

No dia da entrega, o cliente estreou a prótese dentária ali mesmo.

Até os legistas espantaram-se com aquelas duas marcas cravadas no pescoço da finada protética.

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VAMPIRISMO

A balada estava rendendo. Ficara já com quatro caras, incluindo aquele sujeito estranho; rapaz meio esquisito, todo vestido de preto, o qual tivera a audácia de lhe dar um chupão doído no pescoço.

Tantos beijos. Hora de recompor o batom.

No banheiro, não conseguiu se encontrar.

O espelho devolvia a imagem de uma pessoa vazia.

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