Pantomima ( Submersão intuitiva )
No mar dos pensamentos, ela se afunda.
-Mas o que é isso? Você não cansa, de imergir não?
Mais se adentra, fecha os olhos, mergulha!
-Vai morrer assim, imersa nesse silêncio estridente!
Ela se vira um pouco, não se debate, se ajeita sem ar...
-Vai ver o mundo lá fora, mulher!
Ela não quer. Ela não precisa.
-Parece um fantasma, cada vez mais pálida.
Ela abre um pouco os olhos e dá um impulso definitivo até onde agüenta.
-Quer saber, não falo mais nada!
Finalmente, o intruso se afasta.
Agora ela sabe que estará segura, no fundo do seu oceano, numa submersão permissiva.
Você pode perguntar: - Até quando?
E eu respondo, convicta:
Até quando o suspiro devolva-lhe a vida!