CONTOS RÁPIDOS - NA PALAVRA
Devendo somente a três entes – a Deus, o Diabo e ao Mundo -, mas, consciente de suas responsabilidades, Apolonio encontra um amigo de longas datas ao quebrar uma esquina. Meio sem jeito, mas a ocasião e a necessidade o fazem criar coragem e, de bate-pronto, faz o apelo-proposta. Não, sem antes, demonstrar a felicidade pela visão do amigo distante. Depois do aperto de mão e afetuoso abraço de praxe, a lamúria:
- Zebedeu, que bom vê-lo e a bem da verdade, chegaste numa boa hora. Imaginas tu, estou com dívidas a vencer amanhã, inapelavelmente.
E, falando rápido como sempre acontece nestas horas, interpela:
- Poderias me emprestar 100 Reais. Tepagoemcentoecinquentasábado. O amigo não se fez de rogado. Atendeu ao amigo. Satisfeitos, trocaram endereços, despediram-se.
Na semana seguinte, mais precisamente, num sábado, Zebedeu bate à casa de Apolônio. Este, surpreso, indaga:
- A que devo a honra, meu nobre amigo:
Zebedeu meio sem jeito:
- Você não falou que me pagaria, neste sábado, 150 Reais?
Apolônio, com muito jeito, explica:
- Meu bom amigo, entendestes errado. Eu falei que te pagaria em cento e cinquenta sábados...