Casaram-se logo após terem se conhecido. 
Ele insistiu, estava apaixonado. A vida a dois seguia sem  confrontos maiores ou menores.
À noite, porém, o encontro dos dois na cama parecia gerar distâncias inimagináveis.
                Ela não demonstrava excitação nos encontros sexuais, não tinha vontade,todo dia, todo dia... dizia, impaciente, quando ele tentava conversar e ajustar-se aos seus anseios.
                Mas...não havia anseio algum, o que havia de errado com ele?
               Procurava compreendê-la, afinal, é natural haver alguma diferença de sintonia entre os casais, embora a aura distante da esposa e seu olhar sempre melancólico, não combinassem em nada com a vivacidade que lhe era peculiar.
             Passaram-se 10 anos assim,  e ele  acostumou-se a mendigar os seus carinhos, tomando-a nos braços com ardor e sendo rejeitado, às vezes, mais vezes do que pudesse contemporizar...
                Até que naquela manhã, ao acordar, e pouco antes de mover-se ou abrir os olhos, pensou na indiferença da mulher.
               Abriu os olhos, virou-se e encontrou-a desperta, e como sempre, ausente...
              A partir daquele instante, a ilusão se desfez dentro dele.
             Sentiu uma frieza no peito que sabia, agora partia de si, como se houvesse cumprido o tempo a que veio.
           Pressentiu que nada havia para dizer.
           Enfim, desapaixonou-se.
Lídia Carmeli
Enviado por Lídia Carmeli em 09/01/2011
Reeditado em 10/01/2011
Código do texto: T2718582
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