Conto com haikai (1)
Escrevi noutro lugar este conto, bem cativo*:
«Houve um tempo em que os homínidos, mercê do labor amoroso das homínidas, encheram o planeta Terra. Mas também o encheram com as suas estranhas ideologias, que eles denominavam pensamentos e elas, também, contaminadas nas ideologias que aqueles segregaram. Tanto foi o peso das ideologias, procriadas sem ponderação, que a Terra acabou sumida no caos... fundida num Universo de não-ideias deslizante, a esvarar** na procura de um novo 'big bang' humano. Diziam daquela (***) os sábios que ainda haveria hipótese, mas nenhum profeta foi quem de o vaticinar com alguma certeza.»
...
E pensei reduzi-lo a haikai sublime:
No tempo os humanos
e as humanas gentis voam
por sobre as ideias!
Mas foi redução muito reduzida, n'é?
...
(*) cativo: cativo, mas, por isso, pequeno, diminuto.
(**) esvarar: resvalar.
(***) daquela: então.