CONTOS RÁPIDOS - MEXENDO AS PEDRAS

15,00 horas. Casa de pasto de esquina. Beira-mar. Praia de Iracema. Minha bela Fortaleza, loura, amante do Sol. Meu Ceará agreste que me ama como a um torresmo que sou. Leio o cardápio. Finjo, quero palavrear. Observo por cima da aresta plastificada, duas matronas. Alvas, cabeleiras louras beijadas pela aragem salgada que invade o recanto. Olham como cascavéis para um jovem em calção de banho, sentado lá no fundo. Ele vê o cardápio assim como eu. A listra vermelha abaixo do nariz se dilata, entreabre-se no rosto delas. Mostram um muro perfeito de cor da cal. Uma delas se levanta, vai ao balcão e, de cotovelos apoiados, esquece uma perna, a outra, lentamente, colocando em tsunami as protuberâncias posteriores. O rapaz arrisca um rabo de olho enviesado. Ela retorna. Chamam o garçom. Sacam de canetas esferográficas, pintam um guardanapo de papel e transformam o serviçal em estafeta. Ele passa por mim a caminho do jovem. Emendamos sorrisos expectantes. Tenho que ir. Preciso escrever a minha crônica. Pena não poder assistir o final desse jogo de damas.

PS - Abusando de vocês, leitores, estiquem os olhos para o meu blog. vocepensaquejaviutudo.blospot.com

Sagüi
Enviado por Sagüi em 30/12/2010
Reeditado em 30/12/2010
Código do texto: T2699955
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.