Presença luminosa
Durante vinte e cinco anos da minha vida ela esteve presente. Uma presença silenciosa e intensa. Inúmeras vezes seus olhos cor de âmbar pousaram em meu rosto e acenderam a alegria, que dormia nas sombras das minhas preocupações. Eles refletiam facetas desconhecidas de mim mesma e me iluminavam, enquanto tudo o mais ficava na penumbra. Sentia-me aquecida e aconchegada por aquele doce olhar. Sentia-me acolhida e amada.
Sua presença evocava em mim a presença de algo divino, transcendente e mágico. Pacificava a minha alma e fazia-me entender o significado da palavra esperança. Diante dela eu era só confiança, coragem e fé. Seu olhar me mostrava a direção. Guiava-me pelos caminhos.
Ela se foi de repente, sem aviso prévio! Chorei; chorei desconsolada e só. Não conseguia me encontrar na sua ausência. Perdida de mim mesma, vaguei na escuridão. Dias, semanas, meses sem trabalhar, sem viver. Tudo o que fazia era dormir. Sem sonhos nem pesadelos. Quando acordava, perguntas insistentes não deixavam a minha cabeça. Muitos porquês sem respostas. A vela acesa que iluminava os meus dias tinha se apagado. Deus soprou a chama da vida que me deu a vida.
Passei a acender uma vela todas as noites. Um ritual! A vela acesa trazia de volta seu calor, sua luz, seu amor... E assim, eu podia dormir. Um sono velado pela sua presença.