a vida em uma manhã

Levanta-se no ar o cheiro de grama cortada, e aquele frescor matinal comum às varandas de casas humildes, umedecidas pelo orvalho, as plantas do canteiro sorriem para o sol nascente. na escada de ladrilhos quebrados, tão antiga quanto os ancestrais, espano a terra para sentar-me e ouço o som dos pássaros despertando. sem paixões, a tranquilidade de nada querer do futuro nem indagar do passado. contemplo de olhos fechados sentindo o toque da manhã na minha nuca, apoiando a minha cabeça e me acalentando recém-acordado na continuação de um sonho. no céu duas parcas nuvens enfeitam a imensidão azul como um broche, ao horizonte impoem-se as corcundas dos morros, pontilhadas de detalhes para os pintores; com cercas, casebres, estradas poeirentas rangendo carros de boi, levando sementes, colheitas, esperanças quem sabe.

Meu amor me beija a testa, me chama para ir deitar, senta-se ao meu lado inocentemente como se não notasse sua própria beleza, eu a abraço. esqueço as certezas, as derrotas, esqueço o mundo, apenas sorrio.

icaro mendes
Enviado por icaro mendes em 04/11/2010
Código do texto: T2596070
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.