PRIMEIRO ATO: AMOR
A casa estava vazia,
como sempre estivera.
O silêncio de um disco na vitrola.
O violão descansava na parede que há muito não sentia
o sabor da tinta.
Uma prancheta com papéis flutuantes,
Canetas afogadas em manchas.
Em cima dos livros, seus óculos descansavam.
Na cozinha, as vasilhas do café ainda sujas:
uma colher de pau de molho,
outras louças banhadas de óleo
esperavam por uma mão poética que as lavassem.
Enquanto estas mãos trabalhavam
preocupações à cabeça...
Os poemas pensavam no leito.
Fugiam-lhe das mãos pernilongos da noite.
Um lençol ainda enroscado em um canto da cama.
Naquele momento o amor era cego.
Os óculos repousavam e as lentes perambulavam em sua caixinha.
A irritação subia-lhe à cabeça.
O violão não fala.
O quadro não cai.
O disco fora de sua capa.
A cozinha chorava aos berros.
O estômago gritava as horas.
A mão rasga mais um papel.
Este é o primeiro ato do conto minimanista
"A vida a dois em atos", escrito em 1980.
A casa estava vazia,
como sempre estivera.
O silêncio de um disco na vitrola.
O violão descansava na parede que há muito não sentia
o sabor da tinta.
Uma prancheta com papéis flutuantes,
Canetas afogadas em manchas.
Em cima dos livros, seus óculos descansavam.
Na cozinha, as vasilhas do café ainda sujas:
uma colher de pau de molho,
outras louças banhadas de óleo
esperavam por uma mão poética que as lavassem.
Enquanto estas mãos trabalhavam
preocupações à cabeça...
Os poemas pensavam no leito.
Fugiam-lhe das mãos pernilongos da noite.
Um lençol ainda enroscado em um canto da cama.
Naquele momento o amor era cego.
Os óculos repousavam e as lentes perambulavam em sua caixinha.
A irritação subia-lhe à cabeça.
O violão não fala.
O quadro não cai.
O disco fora de sua capa.
A cozinha chorava aos berros.
O estômago gritava as horas.
A mão rasga mais um papel.
Este é o primeiro ato do conto minimanista
"A vida a dois em atos", escrito em 1980.