De Volta À Vida

Depois da tempestade que lhe abatera, assentou-se sobre as sobras, na tentativa de preservar os restos. A devastação das suas estruturas roubou-lhe a coragem. Pensou que o melhor a fazer seria recolher-se, sair de circulação e trancar-se por dentro. Tornou-se súdito do medo. Até que um dia percebeu a insistência do sol que teimosamente tentava entrar por um canto da janela, lacrada por pesadas cortinas que bloqueavam a luz.

A cena fez compreender a metáfora da sua alma, num ímpeto abriu as cortinas e deixou que o sol inundasse o interior do quarto. O gesto lhe devolveu o ânimo, as “cortinas” do seu ser foram abertas e a luz que em todo tempo esteve do lado de fora querendo entrar, não encontrou mais resistência e desfez a escuridão. Destemido, liberto de si mesmo, girou a chave, destrancou a porta e saiu da clausura, recuperou o sorriso e voltou a viver.

Laerte Cardoso
Enviado por Laerte Cardoso em 15/10/2010
Reeditado em 15/10/2010
Código do texto: T2557692
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.