Prenuncio do dia.
Oito e dez, teria de entrar as oito. Tomei cinco cervejas e minha cabeça pesa, ontem ainda finalizei a noite ao melhor estilo das periferias de Campo Grande, melando os dedos. Acordei atrassado e corri pro banheiro, tomei um banho de gato e bolei logo ali no ato sentado no vaso o meu pretencioso articulador de pensamento atrassado.
Do banheiro para o quarto me vestindo no intervalo, calço os sapatênis sentado no estrado da cama pois ontem dormimos no chão os colchões amorteceram as estripulias. Abro a bolsa já pronto pra partir e me deparo com a falta do fogo pra botar no faz me rir, que merda. Vou da cozinha pra sala da sala pra cozinha tentando manter acessa a chama de um isqueiro sem pedra, ele quase explode na minha mão na terceira tentativa, isso é bem a cara da sociedade consumista produzindo essas porcarias de sub-produtos que não valem nem uma cebola.
Quando o desespero já me fazia companhia encontro na varandinha uma caixa de fósforo e despretenciosamente alcanço e abro, dou de cara com um único palito um único e salvador palito de cabeça vermelha. Na primeira tentativa o fósforo se quebrou no meio, a tensão tomou conta das minhas tremulas mãos e nuim ápice de desespero risquei e protegi dentro da minha camisa a chama, pela gola eu levei a diamba até a chama e pimba, de casa até o ponto de ônibus acrescentei alegria ao dia. Bem bolado esse prenuncio de dia.