A ferida essencial.
Sentiu o abraço gelado da solidão.
Os lençóis brancos tingiram-se com o sangue da ferida aberta.
Era a ferida essencial, o alicerce medonho sobre o qual jaziam todos os seus sentimentos, emoções e vivências.
Ali ficaria para sempre, o alicerce que não pode ser removido. Presa ficava a alma naquela ferida. Tanto mais sangrava quanto mais tentava arrancá-la de sua vida.
Acostumou. E por acostumar libertou-se.
As pessoas temem o que desconhecem. Volitando entre luzes e sombras, já nada temia.
Livre tornou-se.
Estranha liberdade.
Concebida fora no medo e na solidão. De lágrimas e risos alimentara-se.
Era a liberdade dos que já nada temem porque muito lhes fora tirado.
Os excluídos, os desgraçados.