CONTOS RÁPIDOS
NAS ESQUINAS DO MEU PAÍS
A madrugada seminua, carregando nos ombros apenas ventos de silvos e açoites finos, castigava aquele miserável postado à porta do albergue à espera de uns goles de sopa quente. A portinhola se abre. Um par de olhos esquadrinha-o.
- Já colocou alguma coisa na boca hoje, espreguiçou-se pela brecha do retângulo acompanhada do cheiro cálido de verdura cozida, a voz sonolenta do doador, açulando a fome canina do pobre coitado.
- Sim (sussurra com a voz afogada em saliva o deserdado): os lábios de minha mulher desejando-me boa sorte...