CONTOS RÁPIDOS

NAS ESQUINAS DO MEU PAÍS

A madrugada seminua, carregando nos ombros apenas ventos de silvos e açoites finos, castigava aquele miserável postado à porta do albergue à espera de uns goles de sopa quente. A portinhola se abre. Um par de olhos esquadrinha-o.

- Já colocou alguma coisa na boca hoje, espreguiçou-se pela brecha do retângulo acompanhada do cheiro cálido de verdura cozida, a voz sonolenta do doador, açulando a fome canina do pobre coitado.

- Sim (sussurra com a voz afogada em saliva o deserdado): os lábios de minha mulher desejando-me boa sorte...

Sagüi
Enviado por Sagüi em 01/10/2010
Reeditado em 01/10/2010
Código do texto: T2531280
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