O psiquiatra.
- Bom dia. O psiquiatra olha aparentemente distraído as olheiras e o olhar sem vida da jovem mulher.
- Oi - a voz é quase infantil, sumida.
Ela senta-se em atitude de abandono. Fecha os olhos e começa a chorar. Chora como as crianças e os velhos, chora o que deseja ou perdeu...
- Aconteceu alguma coisa? Pergunta mais por perguntar.
- Não, responde com a voz abafada, o de sempre.
Ele sufoca mais uma vez a impotência que lhe corrói a alma. Daquele sofrimento ele não consegue dar conta. Tanto sofrimento não.
Tem vontade de acalentar aquela mulher frágil, secar suas lágrimas.
Teme por ela, teme por ele, teme pela vida imensa, intensa demais para suas humanidades.
Perdeu-se naquele olhar penetrante. Esqueceu o caminho de volta.
Egoísta, resolveu desistir daquele caso. Expulsou-a do consultório com palavras colhidas na experiência de quem conhecia a presa melhor do que ninguém.
Ela sumiu.
Ele covarde.