Amor sem limites
Amor sem limites. Amor sem condições. Enlaçou pela enésima vez o corpo de sua amada. E pela eneésima vez fez-se uma surpresa, um movimento, um gemido inédito.
O tempo não passava enquanto estavam na cama e no entanto já era noite. Não haviam feito o jantar mas se contentariam com uma sopa rala e um ovo quente.
Arrumavam os lençóis para recomeçar logo num interminável abraço.
E, em pouco tempo a sua amada estava de barriga. E não existe coisa mais tesuda do que uma mulher de barriga.
Dias infindáveis ficaram juntos até que a barriga crescida só permitia um abraço por detrás.
Divertiam-se fazendo sapatinhos de lã e comprando fraldas.
Até que um dia, sem dor nem desespero, a mulher levou a mão 'as coxas, por onde escorria um liquido quente, e a trouxe vermelha de sangue. Sangue que não parou mais de correr, por mais de quarenta minutos, tempo em que Aldo se dividia entre a cama e o telefone a procura de um médico.
Na sua ignorância achava que o filho, aquele pequeno ser bem vindo, para o qual queria providenciar o melhor dos mundos, estava nascendo.
Mas perdera o filho, a vontade de viver e um amor sem limites. Alguma coisa tênue e delicada que por muitos anos estivera inteira, se rompera definitivamente dentro dele. Algo como uma ampola cheia de veneno que se rompeu, se espalhou e lhe tomou as carnes e lhe impregnou o espirito e acabou com sua vontade de viver.