PÓBI BESTA
 
Ele estendeu o pedaço de carne moída sobre o jirau de varas e no aperreio esqueceu a aliança, a água do café estava no fogo. Quando voltou, o canto mais limpo. Os urubus tinham levado tudo, até a aliança. Enfezado, preparou outro pedaço de carne. Deixou apodrecer. Dois dias depois jogou lá em cima do jirau. Carregou a espingarda de boca e esperou. Os urubus pousaram. Foi aquela algazarra. Pouca carne pra muitos bicos. Debaixo da latada, seu amigo cochichava: - E agora, cumpade, quem é o ladrão? Ele olhou para o céu, um urubu solitário se peneirava em círculos. Ele apontou a espingarda e BAM! O bicho estatelou-se aos seus pés. Rápido, ele puxou do quicé, abriu o papo do bicho e lá estava o anel. Boquiaberto, seu amigo pergunta: - Mas cuma cumpade, ocê adivinhou? Rindo, o caipira filosofa: - Cumpade, póbi besta quano come coisa mió fica logo importante, num se junta cuns otro. 
 
Joseoli
Enviado por Joseoli em 06/07/2010
Código do texto: T2361608
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