O Vampiro e a Rosa
Na manhã do Reveillon, viu as marcas na coxa direita: dois furinhos lado a lado. Na Páscoa, a mesma coisa. Instalou um alarme e por ele foi acordada na madrugada do dia dos pais. Deparou-se com um sedutor vampiro, assustado com o barulho das sirenes. Enfeitiçada pelo ser sobrenatural, não gritou, dando-lhe a chance para explicar-se:
- Preciso de sangue fresco, mas não sou um assassino. Sugo apenas meio litro a cada quatro meses, para aplacar a fome.
- Por que eu? - ela perguntou.
- Não sei. É como o amor. Tinha que ser você. Você é especial.
Era o que faltava para que ela se quedasse, apaixonada. Lasciva, levantou a camisola, exibindo a coxa roliça.
Ele cravou-lhe os dentes. Quando afastou-se, as faces estavam coradas, um filete vermelho escorria-lhe do canto da boca. Ela perguntou:
- Mas você consegue viver com tão pouco?
Ele sorriu, limpando os lábios com as costas da mão:
- Oh, não! Preciso de cinco litros por noite...
- Cinco... Litros!? Eu pensei que eu fosse especial!
- E é, meu amor! Assim como as rosas são para o beija-flor.
Ela calou-se por uns instantes, introspecta. Depois, enciumada, vociferou:
- Pois eu preferia morrer exangüe a ser só mais uma! - e cravou-lhe um grosso lápis no coração.
Imagem daqui.