O SEQUESTRO
Ele foi até o local combinado. Levou a bolada de dinheiro. Dinheiro suado, ganho com trabalho e sacrifício. Era noite. Noite escura. Ninguém na rua. A não ser ele e o sequestrador que iria pegar o dinheiro do resgate. Um frio no corpo e na alma. Alguns passos. Alguns pensamentos sem nexo. Medo. Muito medo. Afinal, como tudo aquilo iria acabar? Ele e o sequestrador. E a irmã, como seria solta? Será que o bandido iria cumprir com a palavra? Dinheiro na mão, liberdade para a irmã - assim ficou combinado. Mas como seria tudo isso?
Frio. Muito frio. De repente, um vulto na escuridão. Uma sombra. Uma sombra sem rosto. Ele não podia olhar para o sequestrador. Isso também havia sido combinado. Mesmo que viesse encapuzado, a ordem era 'não olhar'. Caso contrário, tudo podia dar errado. Como uma rajada de vento forte, a pasta com o dinheiro foi arrancada de suas mãos. E o homem com o capuz de cor preta foi indo embora. Tranquilamente. Sem vacilo algum.
Mas, e a irmã? Como e quando seria solta? Como se daria a sua volta para casa? Mal sabia ele que a irmã já estava há alguns dias num país pequeno da América do Sul, aguardando a chegada do 'namorado sequestrador'. Um golpe terrível para aquele irmão que arriscou a vida por quem não merecia.
Glaucia Ribeiro (5/7/2010)