A FOTO
À minha mesa, Saudade, Solidão minhas amantes inseparáveis, riso cínico dependurado no canto da boca, remexem dela, sob a mesa, cartas, a foto, incriminadoras de um amor até ontem vivo, buliçoso. Sim, buliçoso, malicioso... Seguro, olho a fotografia. Sua pele branca coberta por uma blusa fina, de algodão, com três botões dos quais apenas dois tinham residência fixa, prendia minha respiração ao ver repartidos por um vale seus seios túrgidos, pérolas brancas, que ousadamente aprisionava-os nas conchas de minhas mãos... Seus braços, mármores mornos, enlaçavam meu pescoço. Oferecia-me seus lábios em cor púrpura, arrebatava-me a alma. Despertencia-me. Naquela eternidade eu vivia pelo pulsar do seu coração.
A madrugada corcoveia lá fora, ruge. Como um dragão cospe ventanias, joga em pancadas a neblina contra a veneziana...
Ponho um casaco e deixo-me engolir pela friagem. De braços dados com minhas amantes, desvairado desço a rua, procuro-a...
À minha mesa, Saudade, Solidão minhas amantes inseparáveis, riso cínico dependurado no canto da boca, remexem dela, sob a mesa, cartas, a foto, incriminadoras de um amor até ontem vivo, buliçoso. Sim, buliçoso, malicioso... Seguro, olho a fotografia. Sua pele branca coberta por uma blusa fina, de algodão, com três botões dos quais apenas dois tinham residência fixa, prendia minha respiração ao ver repartidos por um vale seus seios túrgidos, pérolas brancas, que ousadamente aprisionava-os nas conchas de minhas mãos... Seus braços, mármores mornos, enlaçavam meu pescoço. Oferecia-me seus lábios em cor púrpura, arrebatava-me a alma. Despertencia-me. Naquela eternidade eu vivia pelo pulsar do seu coração.
A madrugada corcoveia lá fora, ruge. Como um dragão cospe ventanias, joga em pancadas a neblina contra a veneziana...
Ponho um casaco e deixo-me engolir pela friagem. De braços dados com minhas amantes, desvairado desço a rua, procuro-a...