O (des)encontro que a mitologia não contou
Eros marcou encontro com Psiquê. Tudo acertado. Local e hora marcados. Psiquê ansiosa, se prepara... lingeri sensual, óleo perfumado (Pherome Femme) e vestido transparente, tanto quanto, sua alma carente... tudo conspira a favor do amor... Eros deverasmente excitado, também cumpre o combinado.
Ao entardecer, a rua turva pela fina neblina de inverno, acoberta suas imagens e, sorrateiramente um, depois o outro, adentram a gruta parcamente iluminada. Não se pode precisar tamanhas sensações, tantos sentimentos aflorados nesse encontro... O amor intenso, a saudade imensa, o desejo incontrolável... Sob a penumbra do candelabro percebe-se dois corpos, uma só silhueta...
Sedução, amor, sussurros, gemidos... cheiros misturados aos respingos da chuva... tudo tão lírico, tão úmido, tão lindo... Os corpos entregues, a dançar na leveza de plumas ao vento, quando repentinamente... na porta adentra Nêmesis... Psiquê esmorece... Tola... estremece e desaparece... Em sua fuga desatinada, encontra Thánatos que lhe estende os braços, oferece proteção e a conduz às margens do Nilo... um lugar seguro, de onde talvez nunca mais se liberte... ali encontra Ísis. E lá permanecem as duas a chorar a dor de seus amores perdidos...
Psiquê inda hoje, insegura e incapaz de ir em busca de seus sonhos, neles subexiste, a procurar por Eros em seus delírios e desejos reprimidos...