Uma tarde de sol nos porões da ditadura...
Sem mais resistir, pousou o que se parecia com seu rosto, entre as mãos; escondendo-o, como se descansasse o peso de tudo que nele fazia morada...Rugas, riachos, riscos; abismos e até onde contou, haviam se passado somente meia hora depois de tantas pauladas, socos, pau de arara e afogamentos.
Resistiu a mais uma sessão de horrores. Desta vez foi apresentada à cadeira do dragão. Totalmente nua, ali era amarrada, e vários fios postos em lugares estratégicos provocavam desfalecimento pela alta voltagem dos choques elétricos. Era reanimada por baldes de água gelada. Sim! Não podia morrer sem abrir a matraca...Mas num instante, desses que não se explica, teve tempo de pensar no pequeno rasgo de humanidade que havia no cara que a levou até lá, quando ao chegar, o ouviu dizer:
- Chefe, tá menstruada! Melhor ir com calma; vai dar trabalho e sujar tudo por aqui, inda mais essa cadeira nova...