Insegurança infantil
Insegurança infantil
Ela tinha cinco anos. Era a mais nova de cinco irmãos. A mãe, faxineira, não tendo com quem deixar a menina, costumava levá-la para o serviço.
No princípio, com olhar desconfiado, a menina não desgrudava da mãe.
A patroa compreendia a situação e acabava acolhendo com agrado a presença da criança; que aos pouco ia se chegando, e aceitando o carinho que lhe era oferecido.
Certo dia, em meio ao lanche da tarde; a senhora, que a menina chamava de tia, brincando falou:
- Acho que vou pedir à sua mãe, se ela dá você pra mim.
A menina olhou espantada, abaixou os olhos e largou o suco.
Aturdida, a senhora perguntou:
-O que houve?
A menina se encolheu... E em sua linguagem infantil, confessou baixinho:
- Por favor, tia, não pede não; porque se não ela dá.
Naquele sussurro inocente, transparecia a dor da insegurança infantil ante as dificuldades da vida de sua mãe.
Lisyt