(DES)ACERTO
Há anos era apaixonado por aquela mulher. Admirava-a de longe quando ela passava por si no trabalho, na hora do almoço, na vizinhança. Tímido, nada dizia. Limitava-se a responder calorosamente quando ela o cumprimentava com um sorriso. Arriscou uma conversa mais longa uma ou duas vezes, mas não conseguia passar dos assuntos triviais: o clima, o trabalho, a chegada da primavera... Aliás, foi exatamente esse último assunto que lhe deu a idéia. Gastou uma fortuna com flores e lotou com elas a casa da amada, que, alérgica, precisou passar três dias no hospital. Viveram felizes para sempre.