Aquele abraço
Era um mundo envolvendo outro mundo. Trancando-o. Acolhendo-o. Absorvendo-o
No minuto em que era envolvida Ana sentia o cheiro expandir-se dele para si. Era o abraço, o cheiro e, em seguida, o frenesi.
Um minuto eterno. Uma fusão de duas almas.
Preparara-se para capturar aquele momento como uma uma máquina fotográfica que é capaz de captar um instante e congelá-lo em sua luz.
Finalmente estava ali. Sentia o suor escorrer-lhe pelo corpo quente, mas isso não importava, estava, finalmente, no abraço. Dentro dos braços desejados. Ansiados.
Eram-lhe os braços mais que os lábios.
Eram-lhe os beijos quentes menos que o abraço molhado.
Ana suspirava intensamente. Mas o suspiro surgia de tão longínquas profundezas que lhe chegava ao aparelho respiratório como um sopro suave.
Não desejava sair dali. Não queria que acabasse.
Ele, em um gesto involuntário e meigo pôs fim ao extase que a companheira, mendigosamente, devorava gota por gota. Mas ela sabia, o cheiro iria permanecer.
E junto com ele, a lembrança daquele abraço.
Lembrança que ela evocaria sempre que sentisse o gélido toque da solidão.