Contrato

- Hoje, diferentemente de outros finais de semanas, estou encasquetada – vou por fim a essa vadiagem.

- Pirou?

- Não. Só não aguento mais você todos os sábados e domingos bebendo com amigos. Aliás, amigos coisa nenhuma; meros conhecidos; beberrões.

- Mas querida não lhe falta nada. Cuido para que tenha sempre em casa o que quer comer.

- E você acha que isso é suficiente para uma mulher?

- Claro que não. E de segunda a sexta que fico diante da televisão assistindo a novelas para te agradar. Saiba que detesto novelas; acho-as um saco.

- Já suportei demais passar as tardes de sábados e domingos sozinha. Sem ter um homem, se é isto que quer saber.

- Prometo não demorar mais de duas horas. Vou tomar umas cervejas e bater um papo com a turma de sempre. Você entende?

- Não, Amilton! Estão em suas mãos as consequências. Estou disposta a tudo. E quando me refiro a tudo; é tudo mesmo.

Amilton meio ressabiado foi ao bar. Três horas depois não tinha voltado. O papo estava bom e a cerveja melhor ainda. Já em estado deplorável se lembra de que havia prometido a Isaura que não demoraria. Quebrou o contrato. Tentou apertar o passo, mas o efeito etílico o impedia.

- Isaura querida trouxe pra você! Gritou.

Não houve resposta. Abriu a porta e entrou. Procurou por Isaura em todos os cômodos – não estava. Por fim, sobre a televisão um bilhete:

“Certa de que você não voltaria no tempo marcado, aceitei o convite do Wagner para sair – resisti a muitos, menos a esse. Aconselho-o a não me procurar, pois estarei em lugar seguro e sendo acariciada. Ao contrário de você que promete e não cumpre; não voltarei para casa. Volte para o convívio de seus “amigos”; beba mais até se fartar.”

Amilton abaixa a cabeça e jura nunca mais beber.

No outro dia, domingo, Amilton permaneceu rodeado de “amigos” o dia todo; no bar...