Bilhete de amor
Leu uma última vez as linhas datadas de agosto de mil novecentos e passado remoto. Chorou. Rasgou o papel molhado. Nunca mais as promessas de que teria a Lua e o Sol, o nosso amor será eterno e por você eu moveria montanhas. Arrependimento não mata, maldição! Bofetadas, também não. Mas machucam. E palavras espezinham o coração, muito mais que objetos pontiagudos. “Tá fazendo o que aí no quarto, mulher? Cadê o almoço na mesa?” Certa estava a mãe, que não tinha em alta conta os poetas. Quanta tolice acreditar num bilhete...