O_caso

Geraldo era um cidadão diferenciado. Todos os dias, no mesmo horário, ia para a praça do relógio. Ficava ali, horas a fio, de olhos vidrados no monumento que era um marco na cidade. Não esboçava qualquer reação. Ninguém tinha a ousadia de lhe perguntar o que acontecia para que ele ficasse ali, estatelado. Até que um dia o pároco, que era unanimidade na comunidade, aproximou-se e, em voz sibilante, indagou:

__ O senhor sabe que horas são?!

__ Não, sou cego.

__ E o que um cego vê em um relógio sem ponteiros?

__ Que todos nós somos alucinados.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 24/03/2010
Reeditado em 26/10/2017
Código do texto: T2156640
Classificação de conteúdo: seguro