O_caso
Geraldo era um cidadão diferenciado. Todos os dias, no mesmo horário, ia para a praça do relógio. Ficava ali, horas a fio, de olhos vidrados no monumento que era um marco na cidade. Não esboçava qualquer reação. Ninguém tinha a ousadia de lhe perguntar o que acontecia para que ele ficasse ali, estatelado. Até que um dia o pároco, que era unanimidade na comunidade, aproximou-se e, em voz sibilante, indagou:
__ O senhor sabe que horas são?!
__ Não, sou cego.
__ E o que um cego vê em um relógio sem ponteiros?
__ Que todos nós somos alucinados.